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Demissões na indústria calçadista podem ultrapassar 4,3 mil pessoas com crise no setor

Foto: Caminhos da Fé/Divulgação

O polo industrial calçadista de Franca vem enfrentando problemas neste ano desde março e houve agravamento do cenário com a pandemia do novo coronavírus, que impactou diretamente nas vendas das fábricas. O Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) encaminhou documento, assinado pelo presidente José Carlos Brigagão do Couto, à Presidência da República solicitando intervenção para evitar que 4.307 pessoas percam o emprego no período entre março e maio deste ano. O mesmo documento foi enviado para o governo de São Paulo e o prefeito de Franca.

“Franca, como polo calçadista, tem passado por grandes desafios há algum tempo, mesmo antes da pandemia da COVID-19. Agora, vemos o agravamento de tudo com a crise provocada pelas medidas de contenção da doença. Lembrando que Franca já chegou a atingir no passado recente, ano de 2013, quase sua capacidade máxima instalada, quando alcançamos a marca histórica de 39,5 milhões de pares (98,75% de sua capacidade instalada da época) com cerca de 30 mil funcionários. O potencial de geração de empregos e produção de Franca, assim como o de outros polos do Estado, é enorme e vem sendo desperdiçado por falta de apoio”, pontuou o documento.

Dados levantados pelo Sindifranca e repassados a autoridades governamentais são de 1.550 demissões realizadas no setor em março, outras 1.625 em abril e uma previsão de 1.132 trabalhadores sendo dispensados em maio. Em dezembro de 2019, o polo calçadista francano tinha 14.402 pessoas empregadas. Esse número reduziu para 11.227 em abril deste ano (número estimado) e pode cair para 8.470 em maio. A média salarial é de R$ 1.625, dados do Caged de 2019.

“Prevemos que o impacto financeiro da COVID-19 vai ser fatal para a maioria das indústrias calçadistas se nada for feito AGORA. Há muito por fazer e não temos mais tempo. É preciso atentar para as necessidades específicas de um setor que vive essencialmente de seu faturamento e esforço na manutenção de seus colaboradores”, defendeu o Sindifranca.

As solicitações específicas que a entidade fez para os governos seguem três pilares: diálogo e coordenação política para efetivar medidas que atendam “realmente” as nossas necessidades; linhas de financiamento que possam ao menos auxiliar as empresas a conseguirem restabelecer o caixa frente ao cenário demonstrado; e MP 936/2020 para dar celeridade e segurança nas negociações “sem” interferência pessoal e política de
entidades sindicais.

Conforme o sindicato da indústria, os financiamentos disponíveis estão travados e há um jogo de “empurra-empurra” para liberação de recursos. Na entidade DesenvolveSP, as linhas de capital de giro seguem critérios que estariam atrapalhando maior fluidez no processo de solicitação. Já com o BNDES, bancos intermediários estariam atrasando as liberações, inclusive tentando realizar vendas casadas para garantir a liberação do dinheiro.

“Como uma empresa que já vinha com dificuldades pelos vários motivos já apresentados para o Governador no projeto do Cluster Paulista, consegue manter viva uma estrutura que custa 30% da despesa total somente para manter salários, sem considerar outras despesas fixas como aluguéis e energia elétrica?”, indaga o Sindifranca em nota encaminhada ao Estado.

Respostas

A Presidência da República confirmou o recebimento do documento e informou que o Ministério da Economia está analisando os pedidos do setor. A Prefeitura de Franca também confirmou o recebimento do documento e avalia as solicitações, em tentativa para mediar tratativas com o Governo do Estado de São Paulo.

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