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Trabalhando com o coronavírus: o pneumologista está na linha de frente contra a doença

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Junho é um mês tradicionalmente frio em muitas partes do Brasil. E por conta das temperaturas mais baixas, as pessoas tendem a ficar mais tempo em locais fechados e o registro de doenças respiratórias, como gripe e o próprio novo coronavírus, podem ganhar mais alcance na disseminação do contágio. Dia 2 pode ser representando como “02”, ou uma configuração de como as moléculas de oxigênio são formadas “O2”. Essas duas características foram utilizadas para definir o Dia do Médico Pneumologista, que é uma especialidade que atua para prevenir e tratar doenças respiratórias. A data é referendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Nos tempos atuais de combate à Covid-19, os pneumologistas estão debruçados em estudos, pesquisas e outras fontes de informação para reunir conhecimento no combate à doença. Eles também estão na linha de frente para atender os pacientes graves e com sintomas leves. Ao mesmo tempo que ficam expostos ao novo coronavírus, esse grupo de profissionais de saúde também volta para casa e vive toda a pressão que os colegas enfermeiros, auxiliares e tantos outros que trabalham em hospitais enfrentam de tentar levar uma vida familiar em uma condição nada normal.

Paulo Antônio Faleiros, médico há 18 anos e pneumologista há 13, é um desses profissionais em Franca que está atuando para tentar entender o novo coronavírus e ajudar a salvar vidas.

Ele conta nas linhas abaixo como vem sendo a atual rotina dele, mas que pode ser exemplificada como de centenas de outros pneumologista no Brasil. Só em Franca há pelo menos 10 médicos nessa especialidade.

Os desafios da profissão impostos pelo novo coronavírus

“O coronavírus veio para dar um tapa no rosto da nossa sociedade. Como um ser tão simples e pequeno pode causar tanto estrago. É um vírus que ataca vários órgãos, principalmente os pulmões, quando é um caso muito grave. A gente está tendo que estudar todos os dias. Hoje (dia 2 de junho) devo estudar até meia-noite. No sábado fiquei mais de 12 horas estudando. A gente precisa descobrir o que está acontecendo, entender detalhes desse micro-organismo.”

O que esperar do futuro

“A gente está esperando uma vacina, mas sabemos que é algo demorado. Com a gripe a gente não tem medicamento. Contra a Aids é preciso tratar com um conjunto de remédios, mas ainda assim não há a cura. E quando a vacina chegar, será que ela vai ser boa? Hoje esperamos que ela vai proteger algo em torno de 50%. A vacina da gripe tem proteção de 60%.”

O que se sabe do novo coronavírus

“A gente já conhecia seis coronavírus, dois deles são muito graves. Desde a década de 1970 já conhecíamos quatro tipos de coronavírus. Há ainda muito estudo e pesquisa para ser feita.”

Foto: Divulgação

Morte de um colega, neste dia 2 faleceu o pediatra dr. Enéas após complicações causadas pela Covid-19

“Semana passada estava no plantão e trabalhei na ala Covid do Hospital São Joaquim. Atendi o dr. Enéas e outras pessoas. É algo muito triste ver que não conseguimos salvar uma vida. Contra o coronavírus, o que hoje podemos fazer é manter o paciente vivo, buscando todo recurso disponível. Mas é o organismo da pessoa que vai combater o vírus para se curar. Se ela não está respirando, colocamos ventilação mecânica. Se há problemas nos rins, fazemos hemodiálise. Mas é o organismo do paciente que precisa combater o vírus. Não há um medicamento ainda. E existe uma capacidade de equipamento e leitos. Se temos como atender todos os casos mais graves, fazemos o possível para manter o paciente vivo com todos os recursos. Mas se o número de pacientes leves aumenta, a tendência que casos mais graves podem aumentar. Não importa se você tem dinheiro ou não, se não houver leito e equipamento disponível, não há como fazer atendimento.”

Rotina de trabalho

“Nosso trabalho é estressante, a gente lida com um ser invisível. E quando a gente entra na ala Covid, você sabe que qualquer coisa que fizer pode ser infectado. Quando entra naquele local, entra com toda a atenção do mundo. Você coloca máscara, viseira, três luvas, toma cuidado para não encostar em nada. E uma coisa que preocupa muito é que você fica paramentado todo o tempo e na hora que vai tirar, pode ser infectado.

Imagina como alguém fica após um plantão de 12 horas sem comer, sem ir ao banheiro. Por que se for fazer isso, precisa tirar toda essa roupa. E isso demora. Imagina esse desgaste. No plantão do Hospital São Joaquim temos cinco equipes trabalhando e se revezando.”

Pneumologista de Franca, Paulo Antônio. Foto: Arquivo pessoal

Ser médico e ter família em período de pandemia

“Eu tenho esposa e duas filhas, uma de 7 anos e outra de 3 anos. Eu já durmo em quarto separado, tomo banho em outro banheiro. Entro em casa pelo jardim. Mas elas me incentivam muito, entendem a situação. Dão muita força para eu querer vencer essa doença junto com tantos outros profissionais.”

Situação de Franca diante da pandemia

“Franca ainda está em um cenário favorável, mas o que eu vejo nos últimos 10 dias é que teve um aumento de pessoas com sintomas e que procuraram atendimento. Mas não há teste para todo mundo, só para os casos que exige internação ou são mais graves. O que a gente espera é que pode ter um aumento nas próximas semanas, sim. Pela ciência, uma das teorias mais aceitas é que se o mundo for acabar, vai ser diante de uma pandemia. E hoje o que sabemos é que o coronavírus ainda não é um vírus tão grave, como outros que podem surgir.”

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