Dezenas de moradores da região do bairro Residencial Amazonas decidiram juntar-se para fazer a limpeza das ruas, bem como de terrenos baldios após diferentes reclmações terem sido feitas à Prefeitura de Franca para melhorar a limpeza no bairro, porém sem a devida resposta. Esse grupo mobilizou-se e até compraram pegadores para fazerem a limpeza pelas ruas, gastando cada um cerca de R$ 24 para adquirir os equipamentos. A Prefeitura de Franca tem um contrato de quase R$ 100 milhões, após leilão feito na B3, para realizar o serviço de coleta de lixo na cidade.
Conforme os relatos, como o Residencial Amazonas fica em uma região que tem a presença de matas próximas, além de construções em andamento, e também obras que ficaram paralisadas, a situação da limpeza vem se degradando sem a coleta regular.
Os terrenos do bairro têm ficado com entulho jogado por moradores de outros locais, o vento também tem espalhado a sujeira. Além disso, quando chove, muito desses restos nos terrenos acabam sendo levados para os córregos próximos.
Uma das moradoras que ajudou na mobilização para a limpeza sendo feita pelos próprios moradores é Regina. “Andarilhos costumam revirar os sacos de lixo e espalhá-los ainda mais. Não há fiscalização por parte da Prefeitura, e muitas obras estão abandonadas. Há terrenos com mato alto, onde têm surgido ratos, cobras, escorpiões, formigas e focos de dengue. Fiz uma reclamação há 60 dias e até agora não obtive resposta”, relatou a moradora, neste dia 15/5.
Essa região de Franca também é visitada por pessoas que usavam o terreno próximo ao shopping para realizar piqueniques, encontros de amigos. Nesse local, costuma também haver lixo após os finais de semana e parte dele acaba sendo levado para o Residencial Amazonas.
“Eu e minha filha começamos a levar sacos de lixo e recolher o que encontrávamos. E o mais bonito foi que o exemplo arrastou: outras pessoas que estavam ali começaram a ajudar também. Hoje, os donos cercaram o terreno (perto do shoppping) e o utilizam para locação. Desde então, aqui em casa, adotamos o compromisso de fazer a nossa parte – por menor que pareça. Nos últimos meses, porém, a situação piorou nas proximidades da nossa casa e da nossa empresa. Chegamos ao ponto de contratar alguém para recolher os entulhos nas redondezas, mesmo os terrenos não sendo nossos. Porque, apesar de legalmente não ser nossa responsabilidade, cuidar do ambiente em que vivemos é um dever moral”, detalhou Regina.
Como a sujeira nas ruas está incomodando dezenas de moradores, mais de 30 pessoas na região estão organizando-se para todo sábado fazer limpeza da rua, mesmo havendo contrato público da Prefeitura de Franca para esse serviço ser realizado. Os moradores também decidiram deixar um pouco de lado as reclamações para o poder público, pelo fato de não conseguirem retorno há mais de um mês. “Esse gesto (das pessoas unirem-se) me deixou profundamente grata — pelas pessoas à nossa volta e pela força da comunidade. Esse é um exemplo que deixamos para nossos filhos, netos e para todos que vivem aqui”, desabafou a moradora.

Problema persistente
Em enquete feita pelo site F3 Notícias no canal Por dentro da Notícia, a avaliação dos leitores é que a coleta de lixo e limpreza da cidade está péssima. Houve também votação para o critério “está a desejar” esse serviço público. Veja a enquete neste link.
Contrato público
Em julho de 2024, a Prefeitura de Franca apresentou o novo contrato de serviço de coleta e limpeza urbana para o prazo de 30 anos a ser executado pelo Grupo Esse, que controla a empresa Seleta Meio Ambiente e foi o vencedor da concessão da limpeza pública. Na época, o prefeito Alexandre Ferreira (MDB) alegou que o modelo de negócio foi considerado moderno, prático e econômico para o município. “Eu digo que é uma mudança cultural, um projeto moderno e arrojado que principalmente, começa a preparar a nossa cidade para processar 100% do resíduo sólido doméstico”, disse na época.
Essa contratação foi feita durante leilão na B3, em 8 de março de 2024. A empresa SELETA ganhou o contrato com 9,00% de desconto, com valor de R$ 97,1 milhões.
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