As obras de revitalização do centro de Franca, iniciadas há quase 12 meses, continuam sem previsão de conclusão. A demora tem gerado insatisfação entre comerciantes, que relatam queda nas vendas, prejuízos e o enfraquecimento do comércio local, especialmente em um dos períodos mais importantes do ano para o setor.
Revolta e prejuízos no comércio
Lojistas da região central afirmam que, desde o início das obras nas praças Nossa Senhora da Conceição e Barão, o movimento caiu drasticamente. Ruas como Monsenhor Rosa, Major Claudiano, do Comércio e Marechal Deodoro, antes cheias de consumidores, hoje acumulam tapumes, poeira e diversos pontos comerciais para alugar.
“Esta é uma das melhores épocas para tentar recuperar as vendas, mas a movimentação caiu muito e ninguém sabe quando isso vai acabar”, relata uma comerciante que preferiu não se identificar.
A percepção é de abandono. Muitos empreendedores afirmam que o centro, antes símbolo da força econômica de Franca, se transformou em um canteiro de obras interminável, tomado por sujeira e presença crescente de pessoas em situação de rua.
Prefeitura não responde e ACIF se posiciona
A equipe do F3 Notícias entrou em contato com a Prefeitura de Franca para obter informações sobre o andamento das obras e o prazo de entrega, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.
Vários comerciantes reclamam que não recebem suporte de ninguém e que não têm a quem recorrer. Em nota enviada ao portal, a ACIF (Associação do Comércio e Indústria de Franca) informou que mantém diálogo constante com o Poder Executivo, alinhando sempre as demandas e necessidades dos setores produtivos da cidade. A entidade destacou ainda que as obras de revitalização do Centro estão entre as demandas apresentadas, mas não informou prazos nem detalhou ações concretas de apoio aos comerciantes afetados.
Denúncia de trabalho análogo à escravidão
Em agosto deste ano, a empresa contratada pela Prefeitura para executar parte das obras foi alvo de denúncia por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão. O caso levantou novas dúvidas sobre a gestão e fiscalização dos contratos públicos, além de reforçar a preocupação com a falta de transparência nos processos de contratação e execução.
Obra sem fim e sem transparência
A revitalização das praças centrais começou com previsão de entrega em cerca de seis meses, mas o prazo foi ultrapassado há muito tempo. Até o momento, não há cronograma oficial divulgado pela Prefeitura nem comunicação clara com os comerciantes, o que amplia o clima de insegurança e desconfiança.
Além das perdas financeiras, lojistas destacam que o acesso restrito e o visual comprometido das lojas afastam os consumidores, agravando a crise do comércio local.
Impactos e falta de planejamento
Especialistas em gestão urbana alertam que obras dessa natureza exigem planejamento e diálogo com a classe produtiva para reduzir impactos econômicos. O atraso e a ausência de comunicação pública podem configurar falhas administrativas e comprometer o princípio da transparência previsto na legislação.
Enquanto a cidade aguarda explicações e prazos concretos, o centro de Franca, que deveria estar sendo revitalizado, vive um período de incerteza e desvalorização. Para muitos comerciantes, o que era para ser um símbolo de modernização se transformou em um pesadelo.
