A polêmica em torno da tentativa de alterar a Lei Municipal nº 7.089/2008, que obriga concessionárias a plantar uma árvore para cada carro zero quilômetro vendido, expôs um embate que vai muito além de uma norma local: colocou em jogo os interesses ambientais da cidade contra a pressão empresarial e política.
De um lado, o presidente da Câmara, Daniel Bassi (PSD), apresentou o Projeto de Lei nº 63/2025, que buscava flexibilizar a compensação. Pela proposta, as concessionárias poderiam substituir o plantio direto de árvores por doações a fundos ambientais, adoção de áreas verdes, parcerias com ONGs ou até ações simbólicas, como cartazes “educativos”. Uma iniciativa que, na prática, retirava a essência da lei criada em 2008 pelo então vereador Nirley de Souza: plantar árvores, de fato, no chão de Franca.
De outro lado, a população reagiu. O autor da norma original também classificou a tentativa como um retrocesso. “É uma lei que funcionou bem até hoje. Não faz sentido acabar com ela”, afirmou Nirley.
O resultado? Pressionado pela repercussão negativa, Bassi recuou e retirou a proposta da pauta da reunião do dia 16 de setembro.
Se a mudança fosse aprovada, as concessionárias ganhariam mais liberdade para “compensar” no papel, sem necessariamente garantir o aumento da cobertura verde na cidade. Já Franca perderia árvores, perderia sombra, qualidade do ar e um instrumento que há mais de uma década contribui com a arborização urbana.
Com a retirada, a vitória momentânea é da sociedade e da lei que continua em vigor. Mas o episódio deixa uma pergunta no ar: até quando leis ambientais que deram certo resistirão à pressão de interesses econômicos?