PF prende ex-presidente do INSS e grupo investigado por fraudes em aposentadorias
Desvios podem ultrapassar R$ 6,3 bilhões; ação da PF prendeu nove pessoas em diferentes estados nesta quinta-feira (13)
A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (13), o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, durante uma operação que apura um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões. A investigação aponta que o grupo atuava desde 2019 até 2024, causando prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.
De acordo com informações da PF, nove pessoas foram presas até o momento, entre elas ex-diretores do órgão e empresários ligados a entidades que mantinham convênios com o INSS.
Stefanutto havia sido afastado do cargo em abril deste ano, logo após o escândalo vir à tona, e foi demitido em definitivo dias depois. Em nota, sua defesa afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial e que “segue confiante de que comprovará a inocência do ex-presidente ao final do processo”.
O esquema
As investigações apontam que o grupo criminoso promovia descontos irregulares em benefícios previdenciários, inserindo cobranças indevidas nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas. Parte dos valores desviados era repassada a associações e entidades de fachada, que formalizavam convênios com o INSS para justificar as transações.
Segundo a PF, os descontos ilegais eram lançados em nome de sindicatos, associações e institutos falsos, e os beneficiários muitas vezes não tinham conhecimento da origem das cobranças.
Presos na operação
Além de Alessandro Stefanutto, foram presos:
Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como Careca do INSS (já estava preso e teve novo mandado expedido);
André Paulo Félix Fidélis, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS;
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS;
Thaisa Hoffmann, empresária e esposa de Virgílio;
Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT);
Tiago Abraão Ferreira Lopes, diretor da Conafer e irmão do presidente da entidade, Carlos Lopes;
Cícero Marcelino de Souza Santos, empresário ligado à Conafer;
Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior, também vinculado à Conafer.
Contexto político
A operação também cita nomes ligados a gestões anteriores do governo federal. O ex-ministro Ahmed Mohamad Oliveira, que chefiou o Ministério da Previdência entre março de 2022 e janeiro de 2023, durante o governo Jair Bolsonaro, também é citado nos autos. Oliveira, que antes se chamava José Carlos Oliveira, mudou de nome após se converter ao islamismo.
Próximos passos
A PF informou que o grupo responderá por corrupção, associação criminosa e peculato, entre outros crimes. Os presos foram levados para superintendências regionais da Polícia Federal, onde permanecem à disposição da Justiça.
O INSS e o Ministério da Previdência afirmaram, em nota, que colaboram com as investigações e que novas medidas de controle estão sendo implementadas para evitar fraudes nos benefícios.
Fonte: Polícia Federal, Ministério da Previdência





