Dois policiais civis e um advogado foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) em caso que envolve corrupção, lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional e advocacia administrativa. Da última sexta-feira (18/7), a denúncia decorre da Operação Agusta, que revelou um esquema de favorecimento ilícito em investigações policiais mediante pagamento de propina e uso indevido de cargos públicos.
Segundo o Ministério Público, além de intermediarem o pagamento de R$ 700 mil para garantir a devolução de um helicóptero apreendido, os denunciados também agiram no repasse indevido de informações sigilosas. Um dos policiais civis, que atuava em delegacia especializada no combate à corrupção, revelou detalhes de uma investigação em andamento, incluindo a origem das informações e os alvos do procedimento. Mensagens interceptadas mostram que ele antecipou a identidade das empresas investigadas.
As conversas extraídas de celulares dos investigados indicam não apenas a prática dos crimes, mas também a habitualidade das condutas e o uso da função pública para atender a interesses particulares. Um dos denunciados chegou celebrar a possível nomeação de um aliado a um cargo estratégico na Polícia Civil.
A Operação Agusta nasceu a partir de provas obtidas durante a Operação Tacitus, deflagrada pela Polícia Federal com o apoio do GAECO.
Na denúncia, o Ministério Público também pede a perda dos cargos públicos dos policiais envolvidos e a fixação de indenização por danos morais difusos no valor de R$ 100 mil.
Relembre
Polícia Federal deflagrou, em 25/6, a Operação Augusta para desarticular um esquema de corrupção e vazamento de informações sigilosas envolvendo agentes públicos e particulares. A ação foi realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado de São Paulo e conta com o apoio da Polícia Militar e da Corregedoria da Policia Civil do Estado de São Paulo.
Ao todo, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão. As ordens foram expedidas pelo Poder Judiciário paulista.
As apurações indicaram que os investigados atuavam para favorecer ilegalmente pessoas investigadas em inquéritos criminais, mediante o pagamento de vantagens indevidas. Entre os crimes apurados estão o arquivamento irregular de procedimentos policiais, o repasse clandestino de informações protegidas por sigilo e a intermediação ilícita e apresentação de documentos falsos para a restituição de bens apreendidos.
Um dos episódios investigados envolve a tentativa de restituição de um helicóptero – fato que deu origem ao nome da operação. A aeronave, avaliada em alto valor, foi bloqueada pela Justiça junto a outros bens e recursos que podem somar R$ 12 milhões.
Os investigados poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, quebra de sigilo bancário e advocacia administrativa. As investigações seguem em andamento sob sigilo.