Empresários, familiares deles e até mesmo conhecidos de pessoas que recorreram a empréstimos com agiotas que vêm sendo investigados pelo Ministério Público Estadual em Franca continuam sendo cobrados e ameçados por uma quadrilha. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) já conseguiu oferecer denúncia para haver a condenação de 7 pessoas, o que ocorreu em dezembro de 2024. No dia 3/6, uma operação prendeu 17 pessoas. Mesmo depois dessas ações, ameaças voltaram a ser realizadas nesta semana.
A única medida mais eficaz para combater esse esquema fraudulento é evitar tomar empréstimos nessas condições.
O F3 Notícias apurou que três agiotas que vinham fazendo cobranças há seis meses a vários empresários e seus familiares foram presos na operação recente do Gaeco. Depois disso, outras pessoas teriam assumido os negócios desses criminosos para prosseguir com as cobranças, realizando ameaças por telefone às vítimas.
Há casos de cobranças que estão sendo feitas por telefone a pessoas que não foram diretamente quem tomou o dinheiro com os agiotas. Por serem apontadas como possíveis fiadores pelos devedores, mesmo que sem terem autorizado tal fiança, a quadrilha que vem agindo em Franca e em outras cidades da região estão exigindo pagamento de juros que estão chegando a 30% ao mês.
As autoridades que estão investigando esses criminosos já foram notificados dessa continuidade das atividades, mesmo após mais de 20 pessoas já terem sido presas.
Uma das vítimas aceitou falar com o site, em anonimato, e relatou que acabou entrando na rota de cobrança dos agiotas por ter relação pessoal com um devedor. O homem que pegou em torno de R$ 3 mil de empréstimo já acumulava uma dívida de mais de R$ 20 mil. As cobranças para os conhecidos foram feitas com várias ameças, sempre com os agiotas mostrando armas ou fazendo visitas armados. As abordagens aconteceram até mesmo durante festas, quando um dos investigados via que a vítima estava no local.

Investigações em andamento
O Gaeco identificou que a quadrilha de agiotas tem praticado o Esquema Ponzi, como é conhecido. Charles Ponzi foi o precursor desse esquema, que também é conhecido como pirâmides financeiras. Ele criou o chamado “esquema Ponzi”, que é a origem dos famosos e atuais “ganhe dinheiro fácil pela internet”. Ponzi nasceu na Itália, mas foi para os Estados Unidos, onde implantou seu esquema. Ele atuava no ramo de empréstimos prometendo juros de 50% em 45 dias ou de 100% em 90 dias. Ele pagava juros elevados aos investidores mais antigos com o dinheiro que ganhava dos novos e ainda usava parte do dinheiro para investir em cupons de selos postais, que eram adquiridos com baixo custo em outros países e revendidos por muito mais nos EUA, o que o ajudava também a pagar os clientes. No entanto, se ele parasse de conseguir novos investidores, sua corrente entrava em colapso na mesma hora.
Nessa nova operação desencadeada em Franca, em cidades da região e em Minas Gerais, neste começo de junho, o objetivo do Gaeco foi o de desarticular organização criminosa. As investigações foram iniciadas no final de 2022 e se apurou a existência de um grupo que emprestava dinheiro a juros exorbitantes, valendo-se de cobranças com emprego de violência ou grave ameaça contra as vítimas. Parte do lucro era reinserida no próprio negócio criminoso, enquanto outra parte era objeto de lavagem de dinheiro, mediante a utilização de empresas de fachada, bem como aquisição de veículos de luxos e imóveis.
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