A Câmara de Cristais Paulista vai analisar documentos para averiguar possível desvio de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para o caixa da Prefeitura de Cristais Paulista. Esse tipo de manobra é ilegal e caso for confirmada a denúncia, o prefeito Elson Gomes (MDB) pode responder a investigação.
A denúncia foi feita pela ex-secretária de Educação, Tamara Raiz, durante sessão da Câmara, nesta terça-feira (25). Ela foi demitida do cargo na sexta-feira (21). O prefeito foi às redes sociais, nesta quarta-feira (26), e negou os fatos, alegou que se trata de fake news.
Na tribuna, a ex-secretária foi acompanhada de seu advogado, Denilson de Carvalho, e relatou que ocorreram transferências do Fundeb para a conta da Prefeitura de Cristais Paulista entre junho de 2023 e em 2024. O valor de R$ 1 milhão teria sido transferido irregularmente em 2023, enquanto outro R$ 1,3 milhão em 2024.
A denúncia formal à Câmara de Cristais Paulista ainda será encaminhada pela ex-secretária nas próximas semanas. Não está descartada que outras autoridades também sejam acionadas. Como houve pedido formal para resposta a requerimento de vereadores, o prefeito Elson encaminhou documentação aos parlamentares sobre as contas do Fundeb e as movimentações. Esses documentos ainda serão analisados. Ele não esteve presente na sessão e não confrontou pessoalmente a ex-secretária.
Segundo o prefeito, qualquer cidadão pode procurar a Prefeitura que também terá acesso aos dados que ele defendeu ter e que garantem a lisura no uso do dinheiro público.
A denúncia informal, feita na tribuna, ocorreu depois que a ex-secretária foi demitida do cargo. Durante as supostas irregularidades, era ela quem comandava a pasta. Segundo o advogado Denilson Carvalho, a professora foi coagida a ser conivente com as “pedaladas”.
Já o prefeito disse que a demissão da professora do cargo de secretária aconteceu, pois teriam ocorridas reclamações sobre o trabalho dela. Além disso, Elson Gomes comentou que faltava planejamento da ex-secretária.
Caso uma irregularidade seja encontrada, há risco de o prefeito responder a um impeachment.
Disputa política acirrada em Cristais Paulista
Há dois anos, por maioria de votos, o mandato de prefeita de Katiuscia Leonardo Mendes (PSD) foi cassado pela Câmara de Cristais Paulista. Katiuscia estava em seu segundo mandato e ficou inelegível por oito anos. Na época, o advogado Denílson Carvalho foi quem acompanhou a sessão e estava atuando com a Câmara da cidade.
Foram apresentadas duas irregularidades praticadas por ela e apuradas na Comissão Processante. Uma é a contratação de empresa para gerir cartão de alimentação, porém a contratação foi feita sem licitação e houve a apuração de pagamento irregulares. Nesse caso houve uma denúncia de uma mulher que esperava receber R$ 800 e não conseguiu. Este contrato envolveu pagamentos de R$ 1,8 milhão. Ainda houve a irregularidade apontada como quebra de decoro pela prefeita.
Elson Gomes, hoje prefeito eleito, era o vice é assumiu a Prefeitura imediatamente.
A prefeita cassada de Cristais Paulista, Katiuscia Leonardo Mendes, chegou a ser barrada de retirar objetos do prédio da Prefeitura e a Polícia Militar precisou ser chamada. Entre os itens selecionados para que ela levasse embora do prédio estava uma caixa que teria itens pessoais bem como uma pasta com documentos. Em uma das pastas estava escrito “Ministério Público Tribunal de Contas”. A Polícia Militar foi acionada e permaneceu na frente do prédio para conter um início de tumulto.
Quando Elson era vice, ele se afastou dos trabalhos porque a relação com Katiuscia, que é médica, ficou estremecida e os então parceiros de eleição tornaram-se inimigos.
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